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O papel da palete reutilizável e de soluções digitais no combate ao desperdício alimentar

Regras para evitar o desperdício de alimentos são debatidas, esta sexta-feira em Quarteira, por hotéis, alojamentos locais, restaurantes e municípios



Ana Paula Sardinha, Country General Manager da CHEP Portugal
Ana Paula Sardinha, Country General Manager da CHEP Portugal

Na Europa, entre 30 e 40% da comida é desperdiçada até chegar ao consumidor. Isso equivale a 179 kg/habitante – um número alarmante que reforça a necessidade urgente de ação. O desperdício alimentar representa um desafio crítico, com consequências profundas para o meio ambiente, economia e segurança alimentar global.


Dados da Comissão Europeia referentes a 2023 indicam que na União Europeia são desperdiçadas, todos os anos, cerca de 59 milhões de toneladas de alimentos, número que equivale a, aproximadamente, 131 kg/habitante. Em Portugal, o número sobe para 184 kg/pessoa (dados de 2020), colocando o país no quarto lugar dos países da União Europeia que mais desperdiçam alimentos por habitante.

 

O desperdício alimentar não ocorre apenas no ponto de consumo, mas sim ao longo de toda a cadeia de abastecimento. De acordo com o Eurostat, a maior parte do desperdício concentra-se, de facto, nos agregados familiares (53%), enquanto 20% está no setor da transformação, 9% na restauração e serviços, 11% na produção e 7% no retalho e distribuição.


Nesse contexto, uma gestão mais eficiente da cadeia de abastecimento pode contribuir de forma bastante positiva para reduzir significativamente essas perdas. O uso de soluções como paletes reutilizáveis e tecnologias inteligentes surge como uma estratégia promissora para otimizar esse processo e contribuir para o objetivo de redução do desperdício alimentar. Estas paletes, pelo facto de serem mais resistentes, permitem uma melhor proteção dos produtos durante o transporte, o que reduz possíveis quebras e desperdício.

 

A par com este compromisso, a utilização de paletes reutilizáveis permite ainda melhorar a pegada ecológica das empresas, pois evita-se a produção de novas paletes de uso único. Além disso, as organizações podem adotar um sistema de pooling no qual partilham as paletes com outras empresas, contribuindo, assim, para um mundo mais sustentável.

Paletes reutilizáveis padronizadas e reforçadas, facilitam a automação, otimizam o espaço de armazenamento e transporte, reduzem quebras por manuseamento inadequado e maximizam a quantidade de alimentos transportados por viagem, minimizando custos e perdas.

 

Além disso, as soluções digitais acopladas às paletes e específicas para produtos refrigerados ou congelados permitem um controlo rigoroso da temperatura, assegurando a preservação dos alimentos durante toda a cadeia e reduzindo a probabilidade de perdas durante o trajeto.


Imaginemos que um camião carregado de produtos lácteos é rejeitado devido a problemas de temperatura: estamos perante um desperdício de alimentos, de mercadorias, de várias viagens e de tempo, além de que pode causar perturbações de disponibilidade de produto em loja, provocando menos vendas e abrindo a porta a que os consumidores comecem a comprar outras marcas.

 

No entanto, com as novas soluções, que incluem dispositivos de tracking, consegue-se monitorizar a rota do motorista em tempo real, identificar paragens não previstas e otimizar trajetos. Assim, é possível reduzir os congestionamentos e distâncias percorridas desnecessariamente, diminuindo, deste modo, o consumo de combustível e permitindo que se transporte a mesma quantidade de mercadorias com menos camiões na estrada. Além disso, uma logística mais eficiente assegura que os produtos perecíveis chegam mais rapidamente ao destino e em melhores condições, minimizando perdas por atrasos ou deterioração no transporte.


Fornecer este tipo de informação é extremamente benéfico e valioso para todos. Por um lado, os produtores oferecem um produto de melhor qualidade e estabelecem relações mais fortes com os retalhistas. Por outro, o próprio retalhista não só garante a qualidade, como também poupa muito tempo no processo de garantia dessa mesma qualidade. Em última análise, o consumidor encontra produtos melhores e mais duradouros.


Tecnologias como RFID – Radio Frequency Identification – Identificação por Radiofrequência ou Internet das Coisas – IoT potencializam a eficácia das paletes inteligentes, fornecendo dados precisos para uma gestão otimizada.


O desperdício alimentar é um problema que necessita de rápida ação. Atingir a meta de 50% de redução do desperdício alimentar até 2030 exige um esforço coletivo – empresas, governos e consumidores. A gestão inteligente das paletes reutilizáveis, combinada com outras estratégias, como a digitalização, o transporte colaborativo, representam um passo significativo na construção de um sistema alimentar mais eficiente, sustentável, com menos desperdício e justo.


 
 

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